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Pastor lider da igreja evangélica compara homossexuais a assassinos, em entrevista

Assistindo a esses 45 minutos da entrevista de Marília Gabriela com o Pastor Silas Malafaia, já que eu lancei aqui neste rede social o video para que meus amigos e conhecidos possam tirar suas próprias conclusões a respeito dele e das ideias que ele dissemina nos meios de comunicação, como cidadão, como cientista e como ser humano, vou fazer uso do meu direito democrático de dizer o que penso sobre o que vi e ouvi.
No primeiro bloco, sobre o questionamento a respeito de sua fortuna de 300 milhões de reais, Silas refutou vagamente a veracidade dos dados levantados pela Forbes – revista americana especializada em grandes fortunas. Um papel de imposto de renda mostrado à jornalista não necessariamente é mais válido do que uma reportagem de âmbito internacional, pois esse suposto papel de imposto de renda obedece aos interesses do próprio pastor que não levantaria provas contra si mesmo, já que o enriquecimento exponencial de um líder religioso cristão é mal visto pela nossa sociedade, pois falam em nome de Jesus Cristo que, dentre outras coisas, pregou o desapego material e condenou a exploração do homem do ponto de vista financeiro no tempo em que viveu na Terra. Assumir o que a revista levantou a respeito de sua fortuna seria se contradizer do ponto de vista filosófico que ele mesmo segue.
Sobre a homossexualidade – cujo verbete é evitado pelo pastor, que utiliza o sufixo “ismo”, que designa, sim, doença e não comportamento, a exemplo de etilismo, raquitismo, reumatismo – ele coloca os homossexuais na mesma categoria de bandidos e assassinos, durante a entrevista. Ele ainda falou a respeito de genética, dizendo que gêmeos univitelinos deveriam ser homossexuais se isso assim pela genética fosse determinado. Pois ele carece de alguns outros conceitos a respeito do desenvolvimento humano que complemento agora. Esse espectro da variabilidade humana tem, sim, seu caráter geneticamente determinado mas não de maneira cromossômica como o sexo homem/mulher, que é determinado pelos cromossomos X e Y. Assim como a nossa psiquê e outras características individuais da pessoas, estão presentes no sequenciamento GÊNICO e não CROMOSSÔMICO. Genes são pequenas partes que compõem os cromossomos. Além do mais, existem fatores AMBIENTAIS que atuam junto à determinação genética, como o meio, a educação, as relações sociais, as emoções e os sentimentos. O homem não é um ser robótico que possui um software de como funcionar ou que possui características facilmente aferíveis por estudos observacionais ou ensaios clínicos. Não podemos dizer como o ser humano funciona em sua totalidade porque nada é tão simples quanto duas letras X e Y. Como os animais e como os nossos ancestrais na História, somos uma espécie que não foge a essa determinação natural de desenvolvermos individualidade e de esperarmos respeito pelos seres de nossa própria espécie.
Sobre a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, o pastor foi vago em solidificar seus argumentos, parecendo ignorar o maior de todos os fatos: um casal homossexual pode não proporcionar o mesmo ambiente que uma família tradicional faria, mas certamente faria um trabalho melhor do que uma instituição lotada de crianças, com abandono e maus tratos, crianças que são criadas na coletividade sem amor direcionado especificamente a elas, e se tornariam pessoas e cidadãos melhores, com certeza. Gostaria de saber se ele, caso fosse abandonado pelos seus pais heterossexuais ou os perdesse na infância, para onde preferia ser mandado: para um orfanato até os 18 anos de idade ou para o lar de duas pessoas que não mediriam esforços para cuidar dele?
Além disso, vivemos num estado LAICO, ou seja, o território brasileiro é regido pelas leis dos HOMENS e não pelo que está na Bíblia – que os religiosos insistem em dizer ser a palavra de Deus, mesmo tendo sido escrita por homens há mais de 2000 anos, que não tinham a mínima noção de ciência e que viviam em estruturas sociais muito distintas das nossas. A palavra de Deus deveria – pela lógica – ser considerada a palavra de Jesus na Terra, que em suma, se resumia em uma única: amor. E amar uns aos outros é respeitar os direitos daqueles que estão ao redor, respeitando também sua natureza, suas escolhas e sua individualidade. Do ponto de vista laico, aqueles que estão sob o território brasileiro e pagam seus impostos e são isentos de qualquer crime perante a justiça, devem gozar dos mesmos direitos. Isso é democracia. O que ele tenta instaurar é uma teocracia furada, baseada em argumentos duvidosos.

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